Sempre gostei de ser independente e valorizava a solidão. Achava que estava pronto para cuidar da minha vida, que não teria problema algum. Confesso que me enganei completamente. Tenho mais liberdade e privacidade, mas aumentaram minhas responsabilidades. Por ser homem, não aprendi a lavar louça, fazer comida ou limpar a casa. Antigamente, se o despertador não me acordasse, ou se a água não estivesse quente para o banho, não era problema meu. A culpa era sempre da minha mãe.

Morar sozinho tem suas vantagens, é claro, mas não é tão simples como imaginava. Descobri, na prática, que comida não surge na panela, papel higiênico acaba, roupa precisa ser lavada e o mais incrível, que banana não nasce na fruteira. Também não sabia que existiam tantos tipos de tampa de vaso sanitário! Não sabia que tinham tantas cores, tamanhos e materiais diferentes. Montar uma casa é fazer muitas escolhas.

Hoje, entendo a mania da minha mãe de mandar tirar o pé do sofá, de reclamar da bagunça ou dos pacotes de biscoitos espalhados pela casa. Ter sua própria casa é ficar chato e morar sozinho é o primeiro passo para ficar neurótico.

Aprendi muitas coisas nesse curso intensivo da vida só. Já sei escolher frutas e verduras, quanto custa uma caixa de sabão em pó... Agora só falta fazer um jantar pra receber minha família. Aliás, esses momentos se tornaram ainda mais prazerosos. Hoje, eu gosto daqueles churrascos de domingo com tios, primos, avós, cunhados, papagaio etc. Não sabia que era tão divertido!